Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980)
Nelson Rodrigues foi o mais
revolucionário personagem do teatro brasileiro, abrindo as portas à moderna
dramaturgia do país. Percorreu, contudo, um árduo itinerário, marcado pelas
tragédias familiares e pela crítica contraditória. Desde seu primeiro texto,
A Mulher Sem Pecado (1942), foi considerado ao mesmo tempo um imoral e um
moralista, reacionário e pornográfico, um gênio e um charlatão, escandalizando,
como nunca, o público e a imprensa especializada da época com seu teatro
desagradável. Explorando a vida cotidiana do subúrbio do Rio de Janeiro,
preencheu os palcos com incestos, crimes, suicídios, personagens beirando a
loucura, inflamadas de desejos e agindo apaixonadamente, até matando, e diálogos
rápidos, diretos, quase telegráficos, carregados de tragédia e humor. Quando
lançou Vestido de Noiva (1943), montado pelo grupo Os Comediantes, no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, renovou o teatro do país, quer pelo texto
quer pela direção de Ziembinsky, e obteve sucesso. Nos anos seguintes, no
entanto, teve suas peças interditadas pela censura, passou a ser sinônimo de
obsceno e tarado e ficou conhecido como autor maldito. Nascido à beira-mar no
Recife, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, para o pai tentar a vida
como jornalista, em 1916. Foi o filho, no entanto, que brilhou na profissão. Aos
13 anos já era repórter policial do jornal A Crítica. Seu talento
estendeu-se a todos os grandes jornais do Rio. Fanático torcedor do Fluminense,
foi um grande cronista esportivo, ao mesmo tempo que escrevia reportagens
policiais e folhetins romanescos. Obsessivo, escreveu 17 peças, centenas de
contos e nove romances. Entre as peças, destacam-se A Falecida (1953),
Os Sete Gatinhos (1958), Boca de Ouro (1959), Beijo no
Asfalto (1960) e Toda Nudez Será Castigada (1965).